O QUE SIGNIFICA "OS OLHOS DE NENHUM FALCÃO O VIRAM"?

Essa expressão se encontra em Jó 28:7 => Nenhuma ave de rapina conhece aquele caminho oculto, e os olhos de nenhum falcão o viram. (KJA).

Precisaremos voltar ao mundo antigo para compreendermos este verso. O "caminho oculto" dito neste verso refere-se a trajetória da busca de ouro e pedras preciosas. Os trabalhadores do minério trilham um caminho que as aves de rapina não podem traçar, nem mesmo o falcão com sua visão potente. Na LXX (Septuaginta) traduz-se "abutre", no lugar de falcão. Diz-se, nos desertos da Arábia, quando um camelo morre, quase imediatamente se distingue no céu distante, o que parece, a princípio, ser um mero ponto. À medida que este ponto se aproxima, percebe-se que se trata de um abutre, que detectou o camelo assim que morreu, e assim vem atacá-lo. Este pássaro é proverbial para a agudeza de sua visão. 

Sobre o caminho dos mineiros, esses são os mais remotos a se percorrer. Tendo isso em mente, Jó compara essa esse caminho com a busca da sabedoria. Para o leitor ter uma noção,  as minas de ouro trabalhadas pelos egípcios na Núbia exigiram mais de sete dias de viagem pelo deserto. A ideia que Jó quer passar desde o verso 4 até este verso, é mostrar o quão longe está o homem de alcançar a sabedoria, assim como o mineiro tem esse caminho secreto pra alcançar seus tesouros (ouros e pedras preciosas), caminho esse que um falcão ou um abutre não alcançam. Na  Aggadah de Hullin, nos é dito que o Abutre na Babilônia consegue ver uma carcaça na terra de Israel. Mas mesmo assim, esse animal é incapaz de ver o caminho das trevas, isso mesmo: no caminho das trevas e da densa escuridão podemos encontrar os tesouros escondidos, as pedras preciosas, desde que se entenda que essas trevas na linguagem que Jó quer apresentar aqui no cap 28, trate-se das entranhas da terra, das trevas da minas, pois os comentaristas antigos diziam que Jó se referia ao centro da Terra. A parte "a" do verso 4, vem nos dizer que o homem põe fim as trevas, uma alusão ao hábito de levar tochas para as áreas escavadas pelos mineiros. É interessante as palavras de Plínio sobre o verso 4: "Nós penetramos nas entranhas da terra e buscamos riquezas na morada dos mortos". 

Vamos cavar, não somente os poços para termos águas vivas, conforme os servos de Isaque fizeram (Gn 26:19), mas também para alcançarmos ouro. Adão antes do pecado, não precisava cavar para ter ouro da melhor qualidade (Gn 2:11-12), e ele já foi criado sábio e pronto para obedecer.  Mas hoje, devido ao pecado, precisamos cavar, cavar e cavar! E descermos à um lugar que o abutre e o falcão nunca podem ver, não podem conhecer, e lutar por uma riqueza que os animais com a percepção mais apurada jamais obterão. Com esse GPS que Jó está nos emprestando, podemos alcançar a sabedoria? Pois o verso 21 diz que ela "está encoberta aos olhos de todo o vivente, e oculta às aves do céu." Sim sim, é possível alcançarmos a sabedoria! 

"E disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência." Jó 28:28.


23/07/2019.

Leandro di Paula. 

LEANDRO DI PAULA
Todos os direitos reservados 2023
Powered by Webnode
Create your website for free! This website was made with Webnode. Create your own for free today! Get started