E NÃO SEJAM PERDOADOS SEUS PECADOS?


Os textos de (Mt 13:14-15; Mc 4:12; Jo 12:39-41), traz uma citação de Is 6:9-10. Mateus e João expressam que essas palavras foram ditas no texto de Isaías, e curiosamente Marcos não cita ser de Isaías, mas é evidente que sim. Vamos analisar os 4 textos numa mesma versão (KJA).

Is 6:9 Ele me respondeu: "Vai e dize a este povo: Podeis ouvir constantemente, mas não haveis de compreender; podeis ver e continuar a ver sempre, contudo jamais percebereis!
Is 6:10 Embota o coração deste povo; torna esta gente incapaz de escutar os seus ouvidos e tapa-lhe os olhos. Que essas pessoas não enxerguem com os olhos, não consigam ouvir mediante os ouvidos, e não possam entender com o coração, a fim de que não recebam a conversão e se tornem sãos!"

Mt 13:14 Neles se cumpre a profecia de Isaías: 'Ainda que continuamente estejais ouvindo, jamais entendereis; mesmo que sempre estejais vendo, nunca percebereis.
Mt 13:15 Posto que o coração deste povo está petrificado; de má vontade escutaram com seus ouvidos, e fecharam os seus olhos; para evitar que enxerguem com os olhos, ouçam com os ouvidos, compreendam com o coração, convertam-se, e sejam por mim curados'.

Mc 4:12 com o propósito de que: 'mesmo que vejam, não percebam; ainda que ouçam, não compreendam, e isso para que não se convertam e sejam perdoados'. 

Jo 12:39 Contudo, não podiam crer, porque como reafirmou Isaías:
Jo 12:40 "Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos nem entendam com o coração, nem se convertam e Eu os cure."
Jo 12:41 Isso disse Isaías porque viu a glória dele e falou a seu respeito.

Bem, a expressão final do verso 10 de Isaías 6 é:  וְרָפָא לֹֽו, e o verbo רָפָא (rafá),
significa curar.  A Septuaginta [LXX] (versão grega do Antigo Testamento), traduz  RAFÁ para ἰάσομαι, a mesma palavra usada por Mateus e João (não sendo usada por Marcos), trazendo o sentido de cura.

Em Mc 4:12  a expressão: 

αὐτοῖς τὰ ἁμαρτήματα   

( SEUS PECADOS)

aparece nos Manuscritos;

Alexandrinus (Séc. V);

Claromontanus (Séc. VI);

Mosquensis (Séc. IX);

Coridethianus (Séc. IX);

Petropolitanus (Séc. IX);

Siríaca (Séc. IV - VII);

dentre outras.

Já os Unciais:

Sinaíticus (Séc. IV); 

Vaticanus (350 d.C);

Ephraemi rescriptus (Séc. V);

Versão copta (Séc. III -IV) e Westcott and Hort;

Não trazem o trecho "αυτοις τα αμαρτηματα". 


Embora em sentido espiritual, "RAFÁ - CURAR" pode trazer um entendimento de perdoar pecados (Sl 41:4), o Targum de Jonathan traz essa frase (perdoar seus pecados) em Isaías 6:10. Cristo de fato pode ter dito isso porque na Sinagoga, de acordo com a tradição judaica, um sacerdote lia o texto hebraico e em seguida apresentava uma paráfrase oral no aramaico, que era o vernáculo local do período do Novo Testamento. 

Esse par de "leitura mais paráfrase" pode ser notado desde os dias de Esdras, após o retorno do cativeiro babilônico. Nesse período, os judeus falavam a língua aramaica, e quando Esdras leu o livro da Lei EM HEBRAICO, 13 homens mais os levitas, declarava, e explicava o sentido, fazendo que, lendo, o povo entendesse (Neemias 8:7-8).

Então, há essa forte evidência de que essa parte final de Marcos 4:12 "e sejam perdoados seus pecados" fosse conhecida como paráfrase nos dias de Cristo, visto que esse trecho está no Targum de Jonathan. Esse fenômeno ocorre também em Ef 4:8. 


Sobre o entendimento dessa palestra de Jesus com seus discípulos, Mateus simplesmente declara o "fato", que, embora eles ("aos de fora" KJA) vissem o significado "natural" da história - embora eles literalmente entendessem a parábola -, eles ainda não entendiam sua significação "espiritual". 

Marcos e Lucas (8:10) não afirmam o "fato", mas afirmam que ele falou com essa "intenção" - implicando que tal "era" o resultado. Tampouco havia desonestidade nisso, ou qualquer disfarce injusto. Ele, JESUS,  tinha verdades para afirmar que desejava que seus "discípulos em particular" entendessem. Eles eram de grande importância para o seu ministério. Se ele os tivesse declarado clara e completamente aos judeus, eles teriam procurado tirar sua vida muito antes do que foi de fato. Ele então escolheu declarar as doutrinas de modo que, se seus corações estivessem certos, e se eles não fossem malignos e cegos, "eles poderiam tê-los entendido". Suas doutrinas ele declarou da melhor maneira possível, e não foi culpa dele por eles não o entenderem. Por pouco e pouco, ele preparou muitos dos judeus para receber a verdade; pela única maneira possível de ter acesso às suas mentes. Além disso, era inteiramente apropriado e correto dar instruções aos seus discípulos que ele não "pretendia" para os outros.

No tempo de Cristo, o povo tinha o mesmo caráter do povo dos dias de Isaías. Como este povo, eles fecharam os olhos sobre a verdade e rejeitaram o ensinamento divino. As palavras de Isaías estavam, portanto, "bem ajustadas" para expressar o caráter do povo no tempo de Cristo, como no do profeta. Nesse sentido, "ocorreu um caso que correspondia ao seu significado". 

Não é de forma alguma pretendido que Isaías, quando falou estas palavras, tivesse alguma intenção de fazer qualquer referência ao tempo de Cristo. O significado em ambos os lugares é que as pessoas eram tão grosseiras, sensuais e preconceituosas, que "não" veriam a verdade, ou entenderiam qualquer coisa que fosse contrária às suas opiniões e desejos sensuais; um caso de modo algum incomum no mundo. 

Para que não vejam ... - Para que não vejam sua condição perdida como pecadores, e vire e viva. A razão dada aqui por que eles não ouviram e entenderam o evangelho é que seu "coração" estava "errado". Eles "não" atenderiam às coisas que pertenciam à sua paz.

Eu deveria curá-los - deveria perdoar, santificar e salvá-los. O pecado é frequentemente representado como uma doença, e o perdão e a recuperação da alma do pecado como "cura". 


20/07/19.

Leandro di Paula.

 




LEANDRO DI PAULA
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